
O declínio da literatura indica o declínio de uma nação.(Johann Goethe)
Lendo sobre algumas pesquisas de conhecimento e escolaridade no Brasil, as estatísticas apontam um índice de crescimento assustador daquilo que já sabemos: o brasileiro lê muito pouco, questiona pouco, tem pouca consciência crítica.
O desemprego, a pobreza, a baixa perpectiva de vida, a falta de objetivos e interesses dos jovens por qualificação profissional são algumas entre muitas consequências dessa realidade.
Outro ângulo da pesquisa é confirmar a forte influêcia que a mídia, principalmente o rádio e a tv adquirem sobre o cotidiano do brasileiro. Por não terem tempo disponível ou acessibilidade a cultura de uma maneira geral, informam-se e entreterem-se com aquilo que a tv mostra.
Cabe-nos lembrar que programas de tv, passam por uma espécie de filtro (principalmente os telejornais), e nunca as informações nos são passadas na íntegra, mas, da maneira que lhes convém, ou seja, já formam uma opinião sobre o assunto. Opinião essa, sempre de interesse das classes dominantes.
Onde estaria a qualidade da tv?
O horário nobre sempre nos traz a vida glamourosa, maquiada, agressiva e vazia.
Programas de auditório agridem a vida alheia de uma forma inescrupulosa usando a banalização do sexo, a inversão de valores, o fanatismo pelo corpo sarado (esses precisam mesmo criar músculos pelo corpo, já que não os tem no cérebro) enfim, muita porcaria patrocinada por muita porcaria também.
Propagandas enganosas, indução direcionada a um consumo doentio, o novo modelo de celular, o jeans da vez, promoções dos cinco minutos nos supermercados (não há nada mais humilhante que isso), a fila gigantesca do Magazine Luíza antes que o dia amanheça. Desrespeito total com o ser humano, expondo suas necessidades como propaganda.
O que poderia ser feito? Controlar os meios de comunicação? A mída? Não. O interesse é total, capitalista. Um culto exagerado ao ego e ao material, e cada vez mais reforçam a ilusória necessidade de que o indivíduo mostre o que não é, fale o que não sabe e exiba o que não tem.
Não estou dizendo aqui que a culpa de todas as desgraças do país seria dos meios de comunicação, mas, eles tem sido grande influência na vida dos brasileiros de todas as idades.
A mídia de uma maneira geral tem um grande compromisso com o púplico, pode até ter algo que nos sirva, desde que, aprendamos a selecionar o joio do trigo. O detalhe é que milhares de pessoas se alimentam e interpretam apenas o que a mídia mostra, não lêem, não se informam, não tem contato com livros (que também poderiam ter um preço mais acessível). Ora, sem conhecimento é impossivel questionar alguma coisa, daí, aceitam tudo o que lhes chega passivamente, e o que preocupa é todo o desnecessário mostrado pela mesma.
É preciso ter consciência crítica, questionar, avaliar, aprender a separar e a selecionar o que terá utilidade em nossas vidas. Mas como fazer isso sem conhecimento?
A palavra "salvação" seria EDUCAÇÃO. A ênfase, o estímulo e o interesse no ensino da leitura de textos sobre uma diversidade de assuntos (não só os de interesse político-econômico-capitalista), é o caminho para que o indivíduo possa ler criticamente a produção dos meios de comunicação sem se deixar manipular, interpretando, analisando, participando, e se libertando dessa selva construída ao nosso redor, pois, de alguma forma, muitos são seus escravos.
Dificilmente uma propaganda, ou o brilho da tv iludiria alguém que tenha conhecimento, alguém que tenha formado sua consciência com base na própria essência, nas próprias buscas, descobertas e aprendizado.
É valioso que possamos entender que tudo que nos vem de fora realmente está vindo de fora, e cabe a nós se essas informações farão parte do nosso cotidiano ou não.
É necessária uma força comunitária e uma certa cobrança para que a escrita e a leitura sejam direitos básicos, não apenas privilégio de poucos, pois são condições fundamentais na vida do indivíduo, principalmente na construção da sua consciência. Quem aos poucos vai conhecendo, aos poucos vai transformando.
Jane Estela Chaves